Empresários brasileiros, como Luciano Hang, dono das lojas Havan, e representantes de associações de comércio levaram ao alto escalão do governo denúncias contra plataformas on-line que realizam a importação e venda de produtos da China a pessoas físicas no Brasil. As informações foram publicadas nesta quinta-feira (23) coluna Broadcast, do Estadão.

Em uma apresentação chamada “Contrabando Digital”, a comitiva reuniu indícios de que empresas como AliExpress, Wish, SheinShopee Mercado Livre (MELI34) teriam modelos de operações ilegais através de “cross border” – prática comercial entre agentes de diferentes países.

A apresentação foi direcionada ao ministro da Economia Paulo Guedes, o presidente Jair Bolsonaro, membros do alto escalão do governo e do Senado Federal. Além de Hang, e Alexandre Ostrowiecki, CEO da Multilaser (MLAS3), também estavam presentes representantes das seguintes organizações:

  • Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq);
  • Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit);
  • Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee);
  • Associação Nacional dos Fabricantes Produtos Eletroeletrônicos (Eletros); e
  • Fórum Nacional contra a Pirataria e Ilegalidade (FNCP).

O documento, que também foi entregue à Procuradoria-Geral da República (PGR), tem entre suas solicitações alterações nas normas tributárias, que, até então, isentam os consumidores de taxas tributárias no momento da compra.

De acordo com as alegações do grupo, as empresas citadas praticam o subfaturamento de notas fiscais e a reetiquetagem de produtos na Suécia, fazendo com que apenas 2% das entregas sejam taxadas.

Em declaração ao Estadão, Synésio da Costa, presidente da Abrinq, afirma que a mobilização dos empresários e associações trouxe força a uma pauta antiga, que é do interesse de outras instituições brasileiras, como o Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV).

Gigantes do varejo chinês

A Shopee, varejista chinesa fundada em 2015, registrou mais de 140 milhões pedidos e um faturamento de US$ 70 milhões no Brasil apenas em 2021. Segundo os resultados da empresa, o montante arrecadado teve um aumento de 326% em comparação ao ano anterior.

Com mais de 1 milhão de vendedores em sua plataforma, a empresa se tornou referência no e-commerce brasileiro por oferecer uma grande diversidade de produtos por preços mais acessíveis que os disponíveis no mercado nacional.

Já a marca de moda Shein – também fundada na China em 2012 –  inaugurou sua primeira loja física no Brasil no último sábado (19), na cidade do Rio de Janeiro. O início de suas operações no espaço físico vem após um faturamento de R$ 2 bilhões de reais em 2021 no país. Com mais de 1,8 milhão de acessos por mês em seu aplicativo, a empresa se consolidou no mercado de moda brasileiro em par de concorrência com grandes grupos, como C&A e Renner.